Tenho me movido com o olho espichado, acompanhado o seu deambular,

Você está macambuzio, ziguezagueando parado,

com a tristeza estampada em seu olhar,

Reze um Pai Nosso e três Ave Maria,

se você acha que isso um dia possa lhe ajudar,

Mas não espere o universo conspirar, isso você vai ter que atinar.

 

Pois eu não creio,

Que num mar cheio de peixe você queira esse pirão só pra ti,

Eu não creio,

Que na base do tiro você encontre espaço para entregar amor,

Eu não creio,

Que nesse calor você faça um remédio, e deixe ele pra mim,

Suas escolhas estão chegando ao fim.

 

Você tem reservado pra ponta da faca, e resolvido com quem ouse lhe desafiar,

Mas com tristeza eu olho por você, é uma amargura que não vai querer calar,

Pois se a riqueza da terra foi criada certamente para a gente compartilhar,

Então lhe diria que não faz sentido que você agora se volte logo contra mim.

 

Mas eu não creio,

Que você plante o centeio e não precise do trigo para fazer o pão,

Eu não creio,

Que você faça o pão, e não reparta com quem seja seu irmão,

Mas eu não creio,

Que nesse calor você faça um prato, e deixe ele pra mim,

Eu não creio,

Mas suas escolhas já chegaram ao fim.

 

Eu não creio, Eu não creio, Eu não creio, Eu não creio,

Eu não creio, mas eu não creio, Eu não creio, mas eu não creio,

 

Você pode até duvidar, daquilo que você mesmo vê,

Nego que anda desassossegado assim, certamente padece de um amor sem fim,

Mas se você puder acreditar que o amor possa curar,

Pois se não reze um trem nosso e dois pai de Maria, se você acha que um dia isso possa lhe ajudar,

Mas eu não creio, não creio, não creio.